16 de abril de 2019
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Campos de Greater Sunrise no mar de Timor são ativo "de grande qualidade"- petrolíferas

Lusa

 

 

Singapura, 16 abr 2019 (Lusa) -- Responsáveis da ConocoPhillips e da Shell afirmaram hoje que desinvestiram no projeto do Greater Sunrise no mar de Timor por discordar da estratégia de um gasoduto para Timor-Leste, apesar de se tratar de um ativo "de grande qualidade".

O presidente da ConocoPhillips Australia, Chris Wilson, e s vice-presidente da Shell Australia, Cecile Wake, explicaram à Lusa em Singapura que a discordância sobre a estratégia de desenvolvimento motivou a sua disponibilidade para vender as suas participações no projeto à petrolífera timorense.

Os responsáveis das petrolíferas falavam à margem da concretização da compra, pela petrolífera Timor Gap, das participações da ConocoPhillips e da Shell no consórcio do Greater Sunrise.

Wilson, Wake e Xanana Gusmão, em nome de Timor-Leste, assinaram hoje o último documento de formalização da compra, por 650 milhões de dólares (575 milhões de euros) das participações das duas petrolíferas.

"A Conoco trabalhou durante muito tempo com os outros parceiros do Sunrise para tentar desenvolver os campos e falámos durante muito tempo com o Governo de Timor-Leste sobre o conceito de desenvolvimento. Não estávamos alinhados sobre a melhor maneira de desenvolver os campos", explicou Chris Wilson, em declarações à Lusa, depois da assinatura de hoje.

"A nossa opção era ir para Darwin e Timor queria que fosse desenvolvido para Timor e respeitamos isso. Foi isso que levou à decisão concretizada aqui hoje", disse.

Chris Wilson rejeitou que o facto de a ConocoPhillips sair do projeto possa levar a questões sobre a viabilidade do projeto em si ou sobre o valor do ativo. 

"O Sunrise é um ativo fantástico e a Woodside continua no projeto, a Timor Gap entra e a Osaka Gas Continua. Penso que é um ativo muito forte que esperamos ver desenvolvido no futuro", afirmou.

Também que a Shell não partilhava da mesma opinião que Timor-Leste sobre o desenvolvimento dos campos.

"Respeitamos as aspirações de Timor e a sua forte posição de que um gasoduto para Timor-Leste é a melhor opção para desenvolver este campo de grande qualidade, e desejamos grande êxito no desenvolvimento futuro", disse Cecile Wake.

Segundo a representante, a Shell "acredita que os campos de Sunrise são um ativo de grande qualidade e há um operador de grande qualidade".

"O consórcio com a Timor Gap e a Osaka é um consórcio de grande qualidade", disse, sublinhou.

Sobre a futura ligação da Conoco a Timor-Leste, Wilson disse que a Woodside "é uma operadora muito credível" e que a petrolífera continuará ligada ao país através da operação no campo de Bayu Undan.

O responsável mostrou-se igualmente otimista quanto à conclusão, em breve, dos acordos de transição necessários no quadro do tratado permanente de fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália (que coloca o Bayu Undan 100% em águas timorenses).

"Temos tido um muito bom diálogo com as autoridades e esperamos que a ratificação se concretize rapidamente. Queremos trabalhar com Bayu 100% dentro de águas timorenses no futuro", afirmou.

A cerimónia de hoje foi essencialmente simbólica, já que equipas das duas partes verificaram e assinaram os complexos documentos do negócio na segunda-feira, transferindo depois os 350 milhões de dólares para a Conoco e os 300 milhões para a Shell.

"Hoje completamos a compra, pelo Governo de Timor-Leste, da participação de 30% da ConocoPhilips Australia e dos 26,56% de participação da Shell Australia nos campos de Greater Sunrise", lê-se na página hoje assinada.

Segundo o documento, as participações da ConocoPhilips Australia e da Shell Australia que foram compradas incluem "a participação no Contratos de Partilha de Produção (PSC) 03-19 e 03-20 dentro da Zona Conjunta de Desenvolvimento Petrolífero (JPDA) e as leases de retenção NT/RL2 e NT/RL4 emitidas pela Austrália".

 

 

 

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