Os números dizem respeito ao final do escrutínio a nível municipal e foram divulgados hoje pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), passando agora a contagem para a tabulação nacional, da responsabilidade da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
De fora da contagem ficou apenas uma urna, referente a uma estação de voto de Bobonaro, onde, segundo fonte do STAE havia "uma discrepância" de cinco votos, entre o número de votos em urna e o número de eleitores registados.
Essa discrepância vai ser clarificada no processo de verificação da CNE, mas não vai alterar o resultado final da eleição, segundo o STAE. Os resultados finais foram divulgados diretor-geral do STAE, Acilino Manuel Branco, numa declaração transmitida pela televisão estatal RTTL.
Assim, e com 99,89% dos votos contados, a AMP lidera o escrutínio em que votaram 634.156 eleitores (de um universo de 784.286 recenseados), o que representa uma taxa de participação de 80,86%.
Em segundo lugar ficou a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que liderou a coligação minoritária do anterior Governo, e que obteve cerca de 212.974 votos (34,18% do total), mantendo o mesmo número de deputados, 23.
No Parlamento estará ainda o Partido Democrático (PD) - parceiro da Fretilin no VII Governo -, que perde dois deputados para cinco, tendo obtido quase 50.034 votos ou 7,95% do total.
Pela primeira vez no parlamento estará a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD) - uma coligação de quatro pequenos partidos - que terá três lugares e que obteve 34.279 votos ou 5,5% do total.
Nenhuma das outras quatro forças políticas conseguiu chegar à barreira dos 4% de votos válidos que é necessária para conseguir eleger deputados. De entre elas, o Partido Esperança da Pátria (PEP) foi o mais votado, com 5.053 votos ou (0,81%).
Os dados mostram que os três partidos que integram a AMP conseguiram aumentar, em conjunto, a sua vantagem sobre a Fretilin, de cerca de 83.600 em 2017 para mais de 92 mil.
Globalmente, a AMP viu aumentado o seu apoio total em cerca de 51.500 votos, enquanto a Fretilin viu crescer o seu apoio eleitoral em quase 42.900 votos.
A FDD também registou um aumento de cerca de 6.000 votos.
Os piores resultados foram dos partidos que integram a coligação MSD, que perderam mais de 10 mil votos, e do PD que perdeu quase cinco mil.
Os dados têm agora que ser reconfirmados na Comissão Nacional de Eleições (CNE), numa tabulação nacional - não se trata de uma nova contagem, mas apenas de uma verificação das atas.
É nessa fase que são decididos, com a presença dos partidos, a distribuição dos quase 600 votos "reclamados", ou seja, votos em que, no momento de contagem, houve disputa sobre a quem deveriam ser atribuídos.
Os resultados finais terão depois que ser confirmados pelo Tribunal de Recurso, o que se prevê ocorra até final de maio, devendo os deputados tomar posse em junho.
Só depois deverá ocorrer a formação do Governo que deverá ser liderado, como próprio disse à Lusa, por Xanana Gusmão, que regressa assim ao cargo que abandonou em 2015.
A AMP venceu na maioria dos municípios, em concreto Aileu, Ainaro, Bobonaro, Covalima, Dili, Ermera, Liquiçá, Manatuto, Manufahi e ainda na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e no centro instalado na Coreia do Sul.
A Fretilin, por seu lado, venceu em todos os municípios do leste do país, Baucau, Lautem e Viqueque e ainda na Austrália, Portugal e Reino Unido.
O processo de confirmação dos resultados termina com a certificação dos dados finais pelo Tribunal de Recurso.